Sobre o número de independência de grafos livres de triângulos (Questão do livro Combinatória)
Neste semestre, eu estou cursando a disciplina de Métodos Probabilísticos. O livro que está sendo usado na disciplina é o Combinatória. A primeira avaliação desta disciplina está sendo resolver as questões do Capítulo 5 deste livro. A questão 3 é a seguinte.
Questão 3.8.5. Seja um grafo livre de triângulos. Mostre que , onde denota o número de vértices a distância 2 de em .
No início do Capítulo 5, um outro teorema sobre o número de independência é provado e é natural pensar que podemos provar este acima de maneira bem similar. O teorema ao qual estou me referindo é o que diz que
Para prová-lo, sorteamos uma ordem aleatória dos vértices de e construímos um conjunto independente da seguinte maneira. Escolhemos um vértice para entrar no conjunto independente se vem antes de todos os seus vizinhos nessa ordenação. Como a probabilidade de estar no conjunto independente é , obtemos o limitante desejado calculando o tamanho esperado de um conjunto independente construído desta maneira.
Uma ideia natural para provar o teorema da questão 3 é também sortear uma ordenação dos vértices e, para cada , incluirmos no conjunto independente os vértices de , uma vez que estes vértices não possuem arestas entre si (o grafo é livre de triângulos). Infelizmente, essa ideia não funciona. Abaixo, eu coloco a resolução deste teorema, que saiu após uma discussão do problema com meus amigos Brito e Rodrigo.
Seja uma ordenação aleatória dos vértices do grafo. Seja o conjunto de vértices de tais que e , onde denota os vértices a distância 2 de em . Ou seja, é o conjunto de vértices de que estão depois de pelo menos um vértice de sua vizinhança e antes de todos os vértices da sua vizinhança segunda.
Afirmamos que é um conjunto independente de . Para ver isto, assuma por absurdo que existe dois vértices tais que . Se e possuem algum vizinho em comum, digamos , então é um triângulo de , o que é absurdo uma vez que é livre de triângulos. Suponha então que . Suponha ainda, sem perda de generalidade, que . Como , existe um vértice tal que . Mas veja que uma vez que as vizinhanças de e são disjuntas. Isso contradiz a escolha de para . Concluímos então que é, de fato, um conjunto independente de .
Agora, vamos calcular a probabilidade de um dado vértice estar em . Temos ordens parciais dos vértices de . Podemos escolher vértices para vir antes de na ordem parcial. Fixe . As ordens válidas são apenas aquelas em que os vértices escolhidos de vem antes de e vem antes de todos os vértices de . Dado que essa regra é respeitada, os vértices podem estar em qualquer ordem entre si, e o mesmo vale para todos os vértices de . Temos então permutações válidas dentre um total de . Então,
Agora, calculando o tamanho esperado de , concluímos que , como desejado.
É isso! Achei essa questão interessante e resolvi registrar aqui essa resolução que é bem legal também. Até a próxima! 👋